sábado, 16 de março de 2013

Uma carta para solidão




Querida solidão,

Quando partistes me deixastes envolvido por trapos neste aposento frio e pulveroso.
Se outrora fostes minha fiel companheira nesta imensidão satisfeita pelo silêncio, agora me faço ouvinte de tudo aquilo que vós me calou do mundo por tempos incontáveis, nesta cláusula perpétua, em compaixão à conservação de meu espírito excepcional.

Decuriar pelos quatro cantos vazios deste insignificante templo da tribulação não me fara tê-la novamente. Sinto-me como um criança entorpecida por pensamentos pueris, reluzindo lembranças por mim quase esquecidas, que ferrem e ofuscam meus olhos opacos desavezados ao calor.

Amada solidão, não me tortura. Sei que ainda está por perto, posso sentir seu sopro gelado adentrando a ventana avivando-me de esperanças, enquanto a ti escrevo. Alerto-te para o mal que tens me feito nestes segundos de ausência, pois, em súplicas, rogo pelo seu regressar - sou mais um apaixonado mendigando sua atenção. Destarte - Imploro-te, não demore! Pois que noctívago seria eu, se perambulasse pelas noites desacompanhado de minha maldição?

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