segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Terceiro olho




Vejo a todos de olhos fechados, pois compreendo que a luz
doutro Ser será capaz de iluminar minha alma, se assim o possuir.
Tudo escapa aos olhos e, quando expostos a muita luz, causa cegueira.
Nada escapa à alma; ela tudo vê, ela tudo sente!

domingo, 23 de dezembro de 2012

O dom de enxergar




Que mal me faz caminhar,
Por sorte as pernas da juventude
ainda me carregam,
Elas não me causam dor.

Minha visão,
Meu mundo em cores e fatos,
Te vejo a distância de um passo,
Estou tão perto,
Porque não sou visto?

O leviatã é real,
Quê bem eu posso fazer?

Vejo e vejo,
E por falta de um olhar,
Não tenho escolha,
Vejo e sigo (...)

O dom de enxergar cegou minhas esperanças.
Os dias passam como ontem,
amanhecem como hoje
e renascem: Sem Futuro!

Noctívago




Noite!
Amiga e dulcificante.
Eterna Noite!
Que se faz perpétua
Em minh'alma mortificada,
Que poetiza o bojo da fêmea
Senhora do paço real!

Noite!
Fria e Soturna,
Disseque o brio
Que oferto a ela,
Pois não tenho riquezas 
Para adornar o chão que pisa.

Noite!
Só tu sabes me falar,
Com quantos ela irá se deitar?
Neste sarau iluminado
Homens de posses a cortejam!
E eu? - sofro calado! 
Desfalecendo por amar,
Anelando que a morte
Venha me buscar,
Antes que a luz do dia
Toque a sombra,
Da minha existência.

Noite, Noite, Noite (...)
Tão longa - Mas tão curta.
Findando-se vai, aos poucos,
Com o trovar dos pássaros.
E contigo - Óh ingrata noite -
Se vão os nobres enamorados
Exaustos de tanto gozar.

Noite!
Lá se vai mia senhora
Acompanhada de um galante.
Tive a certeza de tê-lá amado a todo instante,
E tu? Óh Noite!
Agora foges com o romper da aurora;
Mas me leve contigo!

Pois (...)
Seu manto negro é meu abrigo,
Onde os devaneios e as aleivosias 
Me fazem pleno - Noctívago!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

É preciso aprender com as crianças




Hoje eu observei duas crianças que brincavam na calçada. Tão puras e tão alegres com aquela fantasia que as envolviam criando universos somente imagináveis por pessoas de coração livre.

Uma possuía um carrinho muito incrementado, fazia barulho, continha luzes que iluminam a escuridão do mundo; e o outro, de pés descalços, tinha como brinquedo um toco de madeira que, em sua inocência, era o seu super carro. Aos olhos de um ser humano soberba, elas eram desiguais e não poderiam se misturar -  mas para aquelas duas almas somente a alegria no peito era que importava. E nisso ambas eram iguais!

Elas estavam felizes, sorriam e se adoravam, pois eram os melhores amigos; eram para si aquilo que o ser humano procura a vida inteira e muitas vezes não encontra: uma amizade verdadeira.

Fiquei feliz por ter sido presenteado por esta imagem, em tempos difíceis como os que nós vivemos, presenciar o valor de uma amizade é de grande prazer para o coração e reacende a chama da esperança de um futuro melhor.

Concluo desta experiência afirmando que: há uma lacuna no coração dos adultos. E este espaço, este vazio no peito é a falta da essência de uma criança no coração de um homem.
Se na infância conseguimos apenas pensar no SER primeiramente e não no TER ou, simplesmente, nas aparências que enganam - deverá o homem manter a sua candura juvenil esteja ele em qualquer etapa da sua vida.

Não há de que reclamar, é a mais pura verdade. Hoje os adultos se corrompem por um carro, por uma festa de área vip. Troca seus verdadeiros amigos, sua família, sua base, por momentos de gozo.
Quê diria aquelas duas crianças aos homens maduros ? - tenho certeza de que elas iriam sorrir e se abraçariam - provando que palavras são inúteis, que roupas, luxúrias e avareza são inúteis - mas um gesto puro de amizade e união é o verdadeiro tesouro do ser humano.

E o quê nós devemos esperar do futuro destas duas crianças? - será que irão conservar esta pureza ? - Se pensarmos como Montesquieu que afirmou: "NÃO É A NOVA GERAÇÃO QUE DEGENERA: ESTA NÃO SE PERDE SENÃO QUANDO OS HOMENS MADUROS JÁ ESTÃO CORROMPIDOS!" - temos a certeza de que algo precisa ser feito, portanto:

HOMEM, ENTENDA O QUÃO GRANDE É A NOSSA MISSÃO. AO DEIXARMOS DE PRATICAR OS VALORES MORAIS DA HUMANIDADE, NÃO ESTAMOS APENAS FAZENDO UM MERO USO DO DIREITO QUE TEMOS DE FAZER O QUE QUISER COM NOSSA VIDA - MUITO ALÉM DISSO, ESTAMOS SACRIFICANDO O FUTURO DE VÁRIAS CRIANÇAS QUE, HOJE, BRINCAM DE SER FELIZES; MAS AMANHÃ - SE TORNARÃO ADULTOS INFELIZES!



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Relatos da eternidade




Não mais que um desprezo,
Apenas um gosto amargo feito fel
que saboreio em minha boca.

Lábios ressecados pelo frio que corta,
O beijo já não mais colhe o prazer,
Tem a dor, mas já conheceu o amor.

Devaneios que entorpecem minha mente,
Um olhar contra a luz que ofusca meus olhos,
Cegando o já obscuro e adormecido coração.

Entre paredes que me cercam e grades 
na janela, vivo fechado dentro dos meus
pesadelos que brotam em minha'lma como
feridas que jamais cicatrizarão.

Exposto pelo tempo, jogado e já quase esquecido
por aqueles que habitam em meus breves pesamentos,
Sou mais uma sombra que ganha vida em meio a escuridão.

Vi o meu destino ser ceifado pelas lâminas da traição,
Cortaram minha carne que sangrava em prantos,
Fui jogado no abismo destinado aos cruéis,
Paguei pelo crime que cometi: amar a quem não devia (...)

E hoje, vago pelo vale da eternidade,
Carregando comigo a doce lembrança da saudade,
Do meu último suspiro, de minhas últimas palavras
que clamaram por seu nome.

E ao fechar dos meus olhos cansados, num súbito clarão,
Vi seu rosto - Abracei a morte como a primeira vez que
a ti ofertei meus braços - e renasci mais uma vez:
- Sozinho, porém, sem as dores da vida.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Für Elise (para Elisa).




Quando eu a vi,
Você caminhava entre as nuvens.
Passastes por mim
tão breve quanto a um raio,
Iluminando o meu caminho.

Deixou rastros de luz,
Um sinal de esperança,
Uma estrada para te encontrar!

Sozinho neste vasto mundo,
Caminhei em busca daquele olhar
que deu vida a minha alma.

O tempo passava depressa,
Tão rápido quanto meus passos, 
Que já não eram mais rijos.

Mas meu desejo de te encontrar
era maior, pois eu sabia que:
enquanto meu coração batesse
haveria motivos para continuar
a sua procura.

No silêncio do meu descanso,
Fechei meus olhos e pude ver você,
Seu sorriso me chamava,
Seus olhos mais uma vez me iluminavam!

E foi neste universo virtual
que eu pude compreender:

- nenhum caminho me levaria até você,
porque sempre estivera dentro de mim,
em meus pensamentos e
em cada batida do meu coração!